O jornalista e escritor Laurentino Gomes foi o convidado da
mais recente edição do “Mariana Godoy Entrevista”.
Autor dos três best-sellers 1808, 1822 e 1889, Laurentino falou
sobre seu novo trabalho: uma trilogia que irá retratar o período da escravidão
no Brasil. Após seis anos de pesquisas, ele lançou, em outubro do ano passado,
a primeira obra da série, intitulada Escravidão - Volume 1: Do primeiro leilão
de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares. As demais estão
previstas para 2020 e 2021.
Ao relembrar as viagens que fez a países africanos em 2017,
destaca um episódio que o marcou em Gana. “Fui visitar o Castelo de São Jorge
da Mina, de onde saiu boa parte dos escravos que vieram para o Brasil. Entrei
num porão muito escuro, lá embaixo no castelo. O guia perguntou se eu queria
ficar um pouco sozinho e fechou a portinhola que era a única entrada”, relembrou.
“Ficou absolutamente escuro, frio, úmido. Tive uma crise de
choro convulsivo. Uma coisa muito forte. Você não escreve e não pesquisa sobre
escravidão como se você estivesse dando um passeio”, detalhou o escritor sobre
a fase de estudos e apurações.
Jornalista há mais de 42 anos, Laurentino, que já foi
repórter e editor de grandes jornais e revistas do país, ressaltou a
importância do conhecimento histórico para a construção de uma identidade
social. "Nós não estudamos história apenas com caráter de entretenimento.
(&) Ela tem outra função. É olhando o passado que nós conseguimos entender
quem somos hoje e quem gostaríamos de ser. Uma sociedade que não entende
história não consegue entender a si própria e, portanto, não está preparada
para tomar as decisões a respeito do futuro”, destacou.