O programa “Caminhos da Reportagem” inédito que vai ao ar neste
domingo (29/03), às 20h, na TV Brasil, investiga a diversidade das Plantas
Alimentícias Não Convencionais (Pancs), seu valor nutricional e mostra pratos com
esses vegetais. Esta edição traz conversas com nutricionistas, chefs de
cozinha, agrônomos e consumidores que priorizam a alimentação saudável.
As Pancs nascem espontaneamente e podem ser encontradas em
quintais, lotes e jardins. Lepidium, caruru, beldroega, peixinho e azedinha são
algumas das 351 espécies de Pancs catalogadas pelo biólogo Valdely Kinupp, o
criador da sigla “Panc”. Ele é co-autor de um livro sobre essas plantas.
“A gente sistematizou informações das pessoas do passado, de
etnias indígenas do Brasil, de conhecedores tradicionais do Brasil e do mundo
que estava disperso em artigos, teses, dissertações, livros atuais, livros de
cem, duzentos anos atrás”, explica Kinupp. Segundo ele, o palmito da bananeira e o miolo
do mamoeiro, por exemplo, podem ser considerados partes alimentícias não
convencionais de plantas convencionais.
A nutricionista Bruna de Oliveira faz diversos preparos com
Pancs que encontra em seu quintal e até mesmo no bairro onde mora. Entre as
receitas estão chutney de mamão maduro com palma, coração de bananeira em
conserva e geleia de hibisco. Jemima Andrade, designer de interiores, é outra
entrevistada da atração e também descobriu nas Pancs uma alternativa para
compor a alimentação diária de toda a família.
As Pancs já são tema de aulas em cursos de gastronomia e são
usadas em pratos especiais servidos em restaurantes. O pesquisador da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Nuno Rodrigo Madeira ressalta o
quanto os alimentos ainda são desperdiçados:
“Dos alimentos convencionais o desperdício chega a 30%. Se a gente
incluir as partes não convencionais, isso deve saltar para 40, 50% da comida
que a gente não aproveita", frisa.
De acordo com Nuno, estudos da Embrapa mostram que as Pancs
são nutritivas: o caruru tem alto índice de proteína e a azedinha é rica em
vitamina C.
Segundo o engenheiro agrônomo Athaualpa Costa, como as Pancs
não acompanharam o processo comercial, surgiu certo preconceito com esses
alimentos. “Comer mato é uma coisa que a gente come quando está sem dinheiro, é
coisa de pobre: ‘Agora eu tenho dinheiro pra comprar uma alface, agora eu posso
comprar um brócolis que é mais caro’. Então, esse processo de abandono total é
que é o triste da história. Por que não conhecer mais, por que não buscar isso
para o nosso cardápio diário?”, destaca o engenheiro.