“Existe um vírus pior: o da raiva, do ódio, da insatisfação.
Esse é muito difícil de ser sanado, a não ser com a sabedoria da ternura, da
respiração consciente e do autocontrole”, afirma a Monja Coen Roshi, fundadora
da Comunidade Zen Budista Zendo Brasil. No programa “Impressões” deste domingo
(28/06), às 22h30, na TV Brasil, ela conversa sobre as aflições típicas dos
tempos de pandemia e aponta caminhos para se alcançar o equilíbrio.
A Monja recomenda a meditação, que começa pela respiração
consciente e revela sua própria experiência. “Quando comecei a meditar era
muito difícil. Colocava um reloginho à minha frente e cinco minutos pareciam
uma eternidade. Era um horror”, admite. Mestra
dos ensinamentos de Buda e autora de diversos livros, a monja ensina técnicas
que podem ajudar os iniciantes na prática, que garante trazer alívio para
incômodos emocionais comuns neste período, como ansiedade, medo e raiva.
“Você perceber o que está acontecendo com você, é a única
maneira de você ter algum controle. E não é controlar as emoções. É percebê-las
e deixar que passem. Quando a gente fala de budismo, a gente fala de
autoconhecimento e autoconhecimento é libertação”, afirma a religiosa.
Este não é um momento para acerto de contas emocionais, nem
para remoer os rancores, segundo a monja, mas de considerar tudo o que foi
vivido como uma bagagem extra para encarar o presente com plenitude. “O que
passou serviu como uma experiência para o que estamos passando agora, e o que
vai chegar, ainda não chegou. Estar presente no momento e ver com plenitude o
agora é a única maneira de atravessarmos (esta fase). Só tem uma maneira:
atravessar com presença pura. Nós dizemos, no budismo, que presença pura é
sabedoria”, ensina Coen.
A missionária zen-budista declara respeito a outras religiões
e reconhece que, qualquer que seja o caminho escolhido, este exige
determinação. “A mente é incessante e luminosa. Ela não para. Tem inúmeros estímulos.
(…) Através das nossas escolhas, nós vamos encontrando estados mentais. E
podemos encontrar estados mentais de tranquilidade que a gente chama de estado
Buda, de sabedoria e compaixão, onde há tranquilidade, assertividade e
ternura”, afirma.
Manter aceso o olhar curioso da criança, de ver o mundo de
uma forma inédita e se apaixonar pelos pequenos detalhes, pode ser um hábito
poderoso, de acordo com Coen. “A imunidade depende do nosso estado de
tranquilidade. Não só, mas muito”, acrescenta.
Quanto aos questionamentos com os quais muitas pessoas se
deparam na atual situação, a monja é assertiva: “Pare de se lastimar e falar
‘queria poder abraçar’. Tem que ser bom agora. Onde você está é o melhor lugar
do mundo, porque sua vida está aqui. Aprecie a sua vida. Aprecie as pessoas
perto de você”.