Lázaro Ramos entrevistou, com exclusividade para o programa
“Espelho”, do Canal Brasil, o piloto britânico Lewis Hamilton, que no último
domingo ganhou mais um título mundial, o sétimo de sua carreira. Na entrevista,
que vai ao ar nesta segunda-feira (23/11), às 23h30, Hamilton falou sobre como
é ser o primeiro piloto negro em uma corrida de Fórmula 1, sua relação com seu
pai, o preço que paga por se posicionar sobre racismo e violência, sua relação
com o Brasil e com o Ayrton Senna.
“Eu costumava passar os fins de semana com o meu pai quando
eu era criança, e o Ayrton era meu piloto favorito. Eu costumava pedir qualquer
coisa do Ayrton para o Natal: capacetes, carrinhos, vídeos e livros. Para o
Natal e para os meus aniversários, eu ganhava vídeos e documentários do Ayrton.
Eu lembro de chegar em casa e todo dia colocar vídeos do Ayrton. Eu gostava de
ver como ele dirigia, como ele trocava as marchas. Quando eu tinha 13 anos, eu
fui à McLaren e consegui ver o carro dele. Eu lembro de tocar o volante, o
cinto de segurança, sonhando e pensando “isso é o mais perto que eu cheguei ao
Ayrton”. Quando eu fui ao Brasil para correr em 2007, eu senti a presença dele
o tempo todo. Os desenhos na estrada, as bandeiras. E quando a família dele me
honrou com o capacete dele, foi um dos meus melhores momentos. Eu tenho ele na
minha casa e é uma das minhas posses que não têm preço”, contou.
Ao ser questionado sobre se ele imagina como suas conquistas
são importantes na luta contra o racismo, Hamilton respondeu: “Neste ano, eu
percebi que eu tenho que estar na frente, no topo do pódio, levantar meu punho
e levantar a bandeira contra o racismo, minha voz, e espalhar conhecimento em
questões e forçar mudanças. Tem acontecido essas reações e essas conversas e no
esporte nós estamos lutando pelos direitos humanos. Eu tinha noção, era uma
coisa consciente pra mim e da qual eu queria fazer parte. Eu não queria apenas
ganhar esse campeonato. Se eu conseguir mudar o pensamento ou o jeito em que
uma pessoa olha para o futuro, isso aqueceria meu coração”.