Neste domingo (26/09), às 20h, na TV Brasil, “Caminhos da
Reportagem” celebra o Dia Nacional do Surdo com uma edição inédita sobre a
Língua Brasileira de Sinais (Libras) e seu uso expressivo no País. Há 164 anos,
Dom Pedro II criava a primeira escola de surdos do Brasil, no dia 26 de
setembro, e, em 2008, a data foi escolhida para trazer uma reflexão sobre a
luta e o respeito aos direitos e inclusão de pessoas surdas.
A criação da escola, que hoje é o Instituto Nacional de
Educação de Surdos (INES), no Rio de Janeiro, foi um marco não apenas no Brasil,
mas também na América Latina. Hoje, o INES ainda é referência para a comunidade
surda.
Com mais de 400 alunos, o instituto atende de bebês a
adultos. "Temos também o curso de Libras, oferecido para toda comunidade
que tenha interesse em aprender, porque é responsabilidade do INES difundir a
língua de sinais no Brasil", diz Paulo André Martins, diretor-geral do
instituto.
No Brasil, segundo o censo de 2010, há mais de 10 milhões de
pessoas com algum problema auditivo. Destas, 2,7 milhões são surdos. A Língua
Brasileira de Sinais é o principal meio de comunicação e expressão dos surdos,
com estimativas de que mais de 2 milhões de indivíduos usam a língua de sinais.
"Mas a gente tem também uma imensidão de pessoas que ouvem, mas falam em
Libras, por causa do envolvimento com a comunidade surda do país", lembra
Ronice Quadros, professora do departamento de Libras da Universidade Federal de
Santa Catarina. Ela é ouvinte e sabe Libras por ter os pais surdos.
Entre as escolas públicas, é obrigatória a oferta de meios
para que alunos surdos possam estudar. No Distrito Federal, o Centro de Ensino
Médio (CEI) 02 de Ceilândia é uma escola inclusiva, com intérpretes e uma sala
de recurso para os alunos surdos. Foi o que ajudou no desenvolvimento de Diana
Alves, de 17 anos, que antes estudava em uma escola sem apoio. "Eu não
entendia nada, quando não tinha um intérprete, era muito complicado, eu quase
reprovei", conta.
Para a vice-diretora da escola, Sônia Cotrim, os benefícios
de uma escola inclusiva são imensos. "Serve de aprendizado tanto para quem
tem a necessidade quanto para quem não tem, é uma questão de aceitar o
outro", afirma.
Apenas 0,89% dos 16,89 milhões de sites ativos no Brasil
passaram nos testes de acessibilidade, segundo o estudo Acessibilidade na Web
Brasileira, divulgado este ano pelo BigDataCorp, em parceria com o Movimento
Web para Todos.
Desde 2003, uma parceria entre o Grupo de Usuários Java do
Distrito Federal (DFJUG) e Instituto CTS desenvolveu uma solução em Libras para
sites, o Rybená - um avatar que interpreta em Libras o conteúdo dos sites. A
ideia de inclusão na empresa foi além da criação de uma tecnologia: vários
funcionários também são surdos.
O programador Adgailson Marques da Silva conta que se sente
valorizado na empresa e não como alguém apenas para preencher cota. "Os
colegas que sentam ao meu lado aprenderam Libras e, hoje, nós conversamos, nos
relacionamos muito bem", diz. O desenvolvedor e designer Clésio da Cruz
Alves afirma que se sente motivado a encontrar soluções para os surdos. "Tudo
o que eu faço não é para mim, é para uma comunidade e eu também sou beneficiado
por essa tecnologia", frisa.
A inclusão também foi o ponto de partida do desenho animado
Min e as Mãozinhas. Depois que Paulo Henrique Rodrigues passou por uma situação
de uma pessoa surda pedir sal, num restaurante e ele não entender, teve a ideia
de criar um desenho inclusivo. "O desenho inteiro é em Libras, até para o
ouvinte entender o que o surdo passa. Por meio de repetições, o ouvinte pode
entender a língua de sinais por assimilação", explica.
O jornalístico destaca ainda a banda Surdodum, de Brasília, que
é uma referência internacional de música feita por surdos. A música, através
das vibrações, mostra que o som é apenas um dos meios usados por essa arte.
"É o caminho para os surdos perceberem que eles não vivem de silêncio,
eles vivem de som também", diz Andrea Brito Ferreira, vocalista da banda.