A xilogravura, arte de produzir gravuras a partir de uma
matriz de madeira, é o tema do “Caminhos da Reportagem” inédito que a TV Brasil
exibe neste domingo (22/05), às 22h. Técnica chinesa do século VI, difundida na
Europa medieval, a xilogravura tornou- se um importante instrumento de
impressão de livros.
Durante o programa “Xilogravura: a Maestria da Madeira”, a
atração da emissora pública revela que arte é essa que se transformou em aliada
do cordel nordestino. A produção explica como ela surge no contexto do
Modernismo brasileiro e se afirma na arte contemporânea.
A emissora parceira TV Pernambuco foi até a cidade de
Bezerros, a 100 quilômetros do Recife, para mostrar o ateliê do artista
plástico J. Borges, um dos maiores mestres da xilogravura e patrimônio vivo
pernambucano. J. Borges conta que desde que conheceu o escritor Ariano Suassuna
nos anos 1970 e teve o trabalho reconhecido por ele, o ateliê passou a receber
visitantes de toda parte.
No bairro da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro, a equipe de
reportagem foi conhecer o ateliê que outro mestre da xilogravura, o paraibano
Ciro Fernandes, mantém há quase 50 anos. Entre os seus trabalhos de destaque,
estão as ilustrações de livros de grandes escritores brasileiros, como Rachel
de Queiroz e Gilberto Freyre. Assim como J. Borges, Ciro Fernandes também
começou a carreira artística como ilustrador de cordéis. No caso dele, na Feira
de São Cristóvão, reduto tradicional da comunidade nordestina no Rio.
Um dos maiores nomes das artes plásticas no Brasil, Maria
Bonomi é reconhecida internacionalmente, desde o início da carreira, por suas
obras em xilogravura. Ela foi aprendiz de um dos pioneiros da gravura moderna
brasileira, Lívio Abramo (1903- 1992). Ainda nos anos 1960, revolucionou o
mundo das artes ao produzir gravuras em grandes dimensões, chegando até a
chamada arte pública. A última foi a sensível homenagem “Requiem para os
Tombados da Covid-19”, instalada, no ano passado, no Memorial da América
Latina, em São Paulo.
Em cartaz no Paço Imperial, no Rio, com a mostra “Margem
Norte”, o artista paraense Diô Viana procura captar o movimento das águas dos
rios da Amazônia. Parte dos trabalhos mistura a técnica da xilogravura com a da
pintura.
Em São Paulo, o artista visual pernambucano Derlon usa a
inspiração do cordel em trabalhos de rua, como o mural de sereia que ele fez
para o edifício Copan, no centro da cidade. Derlon tem também obras espalhadas
em países da Europa, como Portugal, França e Holanda.